“Se nós não morrermos de coronavírus, iremos morrer de fome”, é o que os pacientes com insuficiência renal crônica tem relatado sobre as viagens realizadas para tratamento no Centro de Tratamento Renal (CTR), em Cáceres.
O percurso percorrido em cada viagem dura quatro horas até Cáceres. Eles ficam aguardando dentro do ônibus até iniciarem o processo de hemodiálise que é de três horas. Durante todo esse tempo eles ficam sem alimentação. E depois ainda tem quatro horas de retorno, todos exaustos e debilitados.
A falta de humanidade, descaso e a carência de assistência da Secretaria de Saúde de Pontes e Lacerda, tem deixado os pacientes hemodialíticos revoltados,pois estão impedidos de descerem do ônibus.
“Anteriormente havia uma parada em Pedro Neca para que os motoristas pegassem as marmitas no restaurante e entregasse aos pacientes, agora é proibido”, disse um dos pacientes.
Falta de criatividade e de busca de alternativa
A justificava da Secretaria estendida aos pacientes, é que eles estão em grupo de risco, por isso devem evitar ficarem expostos. A orientação repassada é de que eles – todos dependentes do SUS, devem comer em casa para não precisarem parar durante o trajeto.
“Algumas vezes alguém até fugia, eu mesmo foi um. Por duas vezes eu escapei e comprei uma marmita com dinheiro do meu bolso e comi. Os pacientes ficam bem debilitados após o procedimento e na maioria das vezes só comem depois disto.”, relatou o denunciante.
“Se for para continuarmos passando fome, prefiro abandonar os procedimentos que venho realizando a 8 anos”, enfatizou o paciente.
Segundo um deles, “a Secretária de Saúde Luana Aparecida só fala e não escuta ninguém. Já reclamamos e não tem adiantado”.
O problema da saúde em Pontes e Lacerda não se resume ao atendimento desumano dos pacientes de hemodiálise. É muito mais amplo.
